Num dia livre para lanchinhos gordos, aqueles que a família pode desfrutar bem de vez em quando, Luiz Antônio, como sempre faz, puxou assunto com pessoas da mesa ao lado.
Mãe e filha deram corda e o menino não parava de mostrar-lhes o brinquedinho que acompanhava o lanche. Perguntaram o nome, quantos anos tinha, como já é de costume fazerem todos que cruzam o caminho do rapazinho.
João Pedro, mais velho e centrado, perguntou-me a idade da menina.
- "Não sei, filho. Pergunta para ela", respondi.
As duas se levantaram e deram tchau.
- "Tchau, Lívia. Quantos anos você tem?", perguntou João Pedro, como se não pudesse perder a oportunidade de tirar a dúvida.
- "Seis", disse a menina.
- "Eu também", respondeu entusiasmado.
Continuamos a comer e após pouco tempo:
- "Ah, mãe! Eu gostei da Lívia."
- “É filho? Por quê?”
- “Ela é legal. Ela responde perguntas.”
- “Você a achou bonita, filho?”, questionei sem rodeios, pois reparei que algo chamou-lhe a atenção.
- “Achei.”
E eu também. Elogiei os lindos cabelos cacheados de Lívia, bem volumosos.
Consciente da problemática do cabelo crespo, também chamado pejorativamente de “cabelo ruim”, que circunda nossa sociedade, sempre enalteço suas características, quando encontro meninas negras.
Pra mim, a maior felicidade foi notar que João Pedro cresce e reconhece, de forma pura e ingênua, esta nossa beleza.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
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Um comentário:
É isso mesmo Ana, com nossas crianças temos que trabalhar a conscientização de forma sutil, sem que essa se torne algo chato ou uma obrigação. Não sei se o João Pedro irá namorar meninas negras ou brancas quando crescer, mas sei que ele já irá apreciá-las de modo igual e isso é a coisa mais linda.
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