sábado, 19 de fevereiro de 2011

Encanto de criança

Num dia livre para lanchinhos gordos, aqueles que a família pode desfrutar bem de vez em quando, Luiz Antônio, como sempre faz, puxou assunto com pessoas da mesa ao lado.

Mãe e filha deram corda e o menino não parava de mostrar-lhes o brinquedinho que acompanhava o lanche. Perguntaram o nome, quantos anos tinha, como já é de costume fazerem todos que cruzam o caminho do rapazinho.

João Pedro, mais velho e centrado, perguntou-me a idade da menina.

- "Não sei, filho. Pergunta para ela", respondi.

As duas se levantaram e deram tchau.

- "Tchau, Lívia. Quantos anos você tem?", perguntou João Pedro, como se não pudesse perder a oportunidade de tirar a dúvida.

- "Seis", disse a menina.

- "Eu também", respondeu entusiasmado.

Continuamos a comer e após pouco tempo:

- "Ah, mãe! Eu gostei da Lívia."

- “É filho? Por quê?”

- “Ela é legal. Ela responde perguntas.”

- “Você a achou bonita, filho?”, questionei sem rodeios, pois reparei que algo chamou-lhe a atenção.

- “Achei.”

E eu também. Elogiei os lindos cabelos cacheados de Lívia, bem volumosos.

Consciente da problemática do cabelo crespo, também chamado pejorativamente de “cabelo ruim”, que circunda nossa sociedade, sempre enalteço suas características, quando encontro meninas negras.

Pra mim, a maior felicidade foi notar que João Pedro cresce e reconhece, de forma pura e ingênua, esta nossa beleza.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Discriminação racial gera protesto contra Banco do Brasil

Por Ana Luiza Biazeto

Numa manifestação pacífica, porém de repúdio, integrantes de diferentes segmentos de movimentos sociais reuniram-se hoje, por volta das 14h, na agência do Banco do Brasil, à Rua Rego Freitas, 530, contra a discriminação racial.

O protesto aconteceu depois que Luciano Dimis da Silva, conhecido como James Bantu, foi barrado na porta giratória da agência ontem, 9/2, e mesmo após ter seus pertences revistados, não conseguiu descontar seu cheque, referente a um serviço prestado à ONG Ação Educativa.

Após o constrangimento, a segurança do banco chamou um policial militar que passava fora da agência. Submetido à revista corporal, Bantu ouviu ordens truculentas como “Você precisa me respeitar!”, “Coloca a mão para trás!”, “Cala a boca!”, “Se eu quiser, se eu mandar, eu posso até te deixar pelado aqui!”, “Só fala depois de mim; cala a boca!”, “Se você não calar a boca, eu vou te algemar aqui!”, conta ele.

Hoje, durante o protesto, com bandeira em punho, os manifestantes vibraram e aplaudiram quando Bantu conseguiu retirar seu salário. “Foi isso que vim buscar, sou trabalhador e é bom que saibam da atitude racista desta agência”, disse Bantu, em voz alta, aos funcionários e clientes do estabelecimento, com pouco mais de R$500,00 em mãos.

A denúncia do crime foi feita na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância e Bantu aguarda as decisões da justiça.