segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Quando o instinto reaparece



A evolução humana - que caminha a passos lentos - deixou em mim rastros primitivos, tais como a manifestação da raiva.

Como uma leoa que vê a cria ameaçada, rugi e avancei numa cidadã - se é que tal sujeita merece este adjetivo - que, enquanto dava ré em velocidade imprópria na contramão de um shopping, quase atropelou a mim e ao meu filho.

Não fosse a minha rápida corrida e um forte puxão na criança, talvez não estivesse aqui a contar a história.

Depois de me safar do carro, corri, enfurecida, para a janela do veículo, querendo ver a insana e dizer-lhes aqueles palavrões que enchem a boca e dão gosto de falar pra quem os merece. Isso, só os pobres mortais como eu conhecem. Desculpem-me os mais "evoluídos", contidos ou que costumam engolir populações de sapos, anos após anos, sem necessitar de manifestações como essa.

Falar??? Não, gritei mesmo. Berrei. Era o meu instinto mais animal que se manifestava, a aflição de ter a integridade física do meu filho violada e, mais, a possibilidade de não tê-lo mais comigo. Era uma animal com medo da morte da cria e, portanto, em defesa da sua vida - ao ataque.

Ataquei e me debati para alcançar o inimigo até a turma do "deixa disso" entrar em ação. A vontade era arrancar a mulher - que não se desculpou pelo incidente e ainda prosseguiu com provocações e xingamentos - de dentro do carro pela janela.

Um pedido de desculpas certamente me desarmaria, colocaria-me a exercitar o perdão e pronto, resolvido. Mas não. A dona continuou, ameaçou me atropelar. Indignei-me e extravasei na agressividade.

Num corpo dolorido - de estresse e de tanto ser segurada -, a certeza de que, ainda em evolução, sou uma fêmea arisca em defesa da vida e da preservação dos filhos.

Um comentário:

Keyla disse...

Teria feito o mesmo. Mexeu com cria minha, mexeu comigo.