Desde 2007, quando fui aprovada no mestrado em Serviço Social (PUC-SP), firmei comigo o compromisso de relatar a minha ida ao sistema prisional feminino como pesquisadora e, desta maneira, abrir discussão sobre o assunto. Acredito que um blog seja uma ferramenta eficiente, por isso, vamos lá!
Na minha casa ninguém entra sem bater e, muito menos, tira fotos da sala, do varal, da cozinha, sem que eu permita. No dia 26 de junho, enfim, fui a campo a fim de pesquisar as mulheres presas. De frente às celas, não me apresentei e tirei fotos sem pedir, exatamente como não gostaria de ser tratada.
A primeira reação foi uma breve correria, as mulheres esconderam o rosto na Cadeia Pública de Itupeva. Diziam bravas “não, não”. Demorou um pouco, mas compreendi. As circunstâncias não permitiam que agisse dessa forma, elas não eram animais enjaulados no zoológico e não estavam ali pra suprir a minha curiosidade de ver de perto quem faz o mundo do crime. Eram seres humanos atrás das grades.
Na minha casa ninguém entra sem bater e, muito menos, tira fotos da sala, do varal, da cozinha, sem que eu permita. No dia 26 de junho, enfim, fui a campo a fim de pesquisar as mulheres presas. De frente às celas, não me apresentei e tirei fotos sem pedir, exatamente como não gostaria de ser tratada.
A primeira reação foi uma breve correria, as mulheres esconderam o rosto na Cadeia Pública de Itupeva. Diziam bravas “não, não”. Demorou um pouco, mas compreendi. As circunstâncias não permitiam que agisse dessa forma, elas não eram animais enjaulados no zoológico e não estavam ali pra suprir a minha curiosidade de ver de perto quem faz o mundo do crime. Eram seres humanos atrás das grades.
Nós, os pesquisadores da PUC-SP, entrevistamos três das cerca de 60 presas daquele lugar. Elas usavam chinelos de dedo e as unhas dos pés pintadas. Mesmo não sendo adequado, havia naquela cadeia uma adolescente em cela separada.
Algemas no parto
M. contou que não acreditava que voltaríamos, afinal há poucas semanas o piloto dessa pesquisa já havia começado e uma primeira entrevista sido feita. As duas filhas que tem, uma de 11 meses e a outra de quatro anos, estão com duas irmãs diferentes. “A menor quando me vê estranha um pouco”, conta.
A mãe não pode visitá-la, pois também tem passagem pela cadeia e assim manda a regra, a lei.
A história desta presa acontece em Americana. Sempre morou em favela, barraco, mas também ficou em abrigo durante cinco anos até que a avó - sua referência - a pegasse para criar. A mãe não tinha condições financeiras para isso. Era comum ouvir “olha lá a favelada”, lembra.
Das seis passagens pela cadeia, M. assume que nas duas últimas era culpada, as demais são descritas como perseguição da polícia. Em novembro estará em semi-aberto, segundo ela. Delitos? Sempre o tráfico.
O retorno tantas vezes pra cadeia é pela falta de oportunidade de trabalho. “Não tem jeito, muita gente volta pra cá”, justifica.
Estava grávida na última vez que foi presa. Foi para o Butantã quando a gestação já estava avançada, lá ficou até a filha ter seis meses e retornou à Itupeva. Ao Hospital Mandaqui foi levada para ter a caçula. Das algemas que a acompanharam em todo trabalho de parto foi libertada – a meu ver – tarde demais. “Só tiraram quando estava nascendo”, conta.
Passou pelo ginecologista apenas quando a nenê nasceu. Para ela, o trabalho - como atividade e para a diminuição da pena - e o atendimento médico são os fatores que mais fazem falta naquele local.
Ela relata que ali não há o que fazer desde as 10h, quando as celas são abertas, às 17h, quando são fechadas. Cabe a elas apenas jogar truco...
Algemas no parto
M. contou que não acreditava que voltaríamos, afinal há poucas semanas o piloto dessa pesquisa já havia começado e uma primeira entrevista sido feita. As duas filhas que tem, uma de 11 meses e a outra de quatro anos, estão com duas irmãs diferentes. “A menor quando me vê estranha um pouco”, conta.
A mãe não pode visitá-la, pois também tem passagem pela cadeia e assim manda a regra, a lei.
A história desta presa acontece em Americana. Sempre morou em favela, barraco, mas também ficou em abrigo durante cinco anos até que a avó - sua referência - a pegasse para criar. A mãe não tinha condições financeiras para isso. Era comum ouvir “olha lá a favelada”, lembra.
Das seis passagens pela cadeia, M. assume que nas duas últimas era culpada, as demais são descritas como perseguição da polícia. Em novembro estará em semi-aberto, segundo ela. Delitos? Sempre o tráfico.
O retorno tantas vezes pra cadeia é pela falta de oportunidade de trabalho. “Não tem jeito, muita gente volta pra cá”, justifica.
Estava grávida na última vez que foi presa. Foi para o Butantã quando a gestação já estava avançada, lá ficou até a filha ter seis meses e retornou à Itupeva. Ao Hospital Mandaqui foi levada para ter a caçula. Das algemas que a acompanharam em todo trabalho de parto foi libertada – a meu ver – tarde demais. “Só tiraram quando estava nascendo”, conta.
Passou pelo ginecologista apenas quando a nenê nasceu. Para ela, o trabalho - como atividade e para a diminuição da pena - e o atendimento médico são os fatores que mais fazem falta naquele local.
Ela relata que ali não há o que fazer desde as 10h, quando as celas são abertas, às 17h, quando são fechadas. Cabe a elas apenas jogar truco...
Um comentário:
Nossa Ana sua pesquisa vai ser fenomenal, ja basta esta esperiencia grandiosa... Parabéns e saudades!
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